Day Care (G1 centro-oeste)

20/10/2016 15:58

04/09/2016 10h50 - Atualizado em 04/09/2016 10h50

Cães passam por tratamentos psicológicos em Divinópolis

Objetivo é curar traumas, estresses, hiperatividade ou agressividade.
Pets fazem trabalhos de adestramento, day care, personal e agility.

 

Laiana ModestoDo G1 Centro-Oeste de Minas

Tratamentos psicológicos para o cão (Foto: Ana Paula Dias/Arquivo Pessoal)Logan treina para levar as alianças no casamento de Ana Paula e Walisson (Foto: Ana Paula Dias/Arquivo Pessoal)

Na alegria e na tristeza, na saúde ou na doença. O juramento do matrimônio também se encaixa à fidelidade dos animais de estimação. E a futura família Ana Paula Dias, Walisson Xisto e Logan vem vivenciando isso. É que o cão da raça Border Collie está se preparando para um dos momentos mais importantes da vida do casal. Ele vem ensaiando para carregar as alianças até o altar da igreja durante a celebração do casamento, no dia 8 de outubro. No entanto, a ideia só foi possível após o pet iniciar os trabalhos psicológicos direcionados à cães.

“Ele era introspectivo, medroso, muito quieto e não era apegado a ninguém, ficava o tempo inteiro na dele. Eu queria um animal de estimação próximo a mim, animado e comunicativo. Conhecia alguns cachorros que foram adestrados e passaram por trabalhos comportamentais, aproveitei e matriculei-o no mesmo lugar”, informou Ana Paula.

Tratamentos psicológicos para o cão (Foto: Ana Paula Dias/Arquivo Pessoal)Casamento acontece no dia 8 de outubro
(Foto: Ana Paula Dias/Arquivo Pessoal)

Após um ano e meio de tratamento, Logan passou por adestramento, socialização com cães e agility - modalidade que aproxima cão e dono. Segundo Ana Paula, o resultado foi surpreendente, e hoje o cachorro é extrovertido, alegre, obediente e muito apegado aos noivos. Por causa disso, eles decidiram dar a função ao cão de ser o porta alianças.

“É impressionante a mudança dele, muito mais comunicativo e apegado a nós. É como um filho mesmo, estamos sempre juntos e todo o processo do matrimônio tem algo que lembra o Logan. Os nossos pré-convites, fotos, tudo tem uma pegada dele. Estamos ansiosos para o casamento”, finalizou.

Porém, não foi só o Logan que mudou o comportamento. Os trabalhos psicológicos também foram essenciais ao Juca, pet da raça Golden Retriever, que ao contrário do primeiro, era muito hiperativo. De acordo com a dona, Débora Eskelsen, por ser muito grande e forte ele destruía tudo o que via, além disso, qualquer objeto era alimento. O motivo é que o cão sempre morou em apartamento e precisava se socializar com outros animais e queimar energia.

“Ele comia tudo: controle remoto, tapetes, chinelos. Até um sabonete inteiro ele comeu. Por causa disso procurei a escola e o matriculei no personal para queimar energia e ser adestrado. Com um mês ele já obedecia aos comandos básicos de sentar e deitar. Hoje a minha casa é uma paz, ele não faz bagunça, posso ir trabalhar tranquila, pois confio que ele não fará nada”, afirmou Débora.

Tratamentos psicológicos para o cão (Foto: Débora/Arquivo Pessoal)Juca faz tratamento psicológicos devido à hiperatividade. Ele sempre morou em apartamentos e precisava queimar energia (Foto: Débora Eskelsen/Arquivo Pessoal)

Ainda de acordo com Débora, outro serviço que ela pratica junto com o Juca é o agility, que também gerou muitos benefícios ao cachorro. Segundo ela, o animal está mais apegado e feliz. “Eu sempre tive vontade de ter um momento só meu e do Juca, e o agility me proporcionou isso. Nós temos uma conexão muito maior agora”, concluiu.

Por causa dos benefícios que o trabalho psicológico proporcionou ao animal, Débora fez umaconta para o pet em uma rede social. O objetivo é divulgar os trabalhos realizados durante as aulas e inspirar outros donos da importância destes serviços de integração e socialização.

Tratamentos psicológicos para o cão (Foto: Débora/Arquivo Pessoal)Dona criou conta para cão em uma rede social para
divulgar trabalhos (Foto: Débora Eskelsen/Arquivo Pessoal)

Luana Ferreira e Tulio Rodrigues também ficaram sabendo do serviço e ao conhecerem os benefícios resolveram matricular as duas cadelas, Nika e Cacau, das raças Sharpei e Poodle. Elas também deixavam o apartamento em uma desordem, viviam estressadas e, além disso, Cacau era muito chorona e atrapalhava os vizinhos e as visitas da casa.

Por causa disso, ao entrarem na escola, foi feita uma análise e constatou-se que o day care seria o melhor trabalho a ser feito. Nesta modalidade, o cão fica o dia todo no estabelecimento para socializar com outros animais e trabalhar comunicação e exercícios que promovem a obediência. Com pouco tempo neste serviço, os donos também as inscreveram no agility.

“Elas vivem o dia inteiro no apartamento e nós só chegamos em casa à noite, porque nem almoçar, almoçamos em casa. Por causa disso elas se sentiam muito sozinhas, Cacau chorava demais e então a colocamos na escolinha. Fiquei boba com o resultado, com uma semana de atividades já vi melhoras. E depois de três meses o comportamento delas era bem diferente”, informou Luana.

Ela ainda disse que os serviços custam, em média, R$ 400 para as duas cadelas, mas são prioridade e, em caso de cortes no orçamento dentro de casa, eles sempre vão optar por tirar outras coisas. “Não dá para tirá-las mais, elas estão bem, felizes e respeitam todos. As visitas que chegam, elas recebem e, depois, vão para a caminha, é uma gracinha. Ainda tem a gratidão pela equipe que as treina, sempre que preciso eles dão orientações e dicas”, concluiu. 

Tratamentos psicológicos para o cão (Foto: Luana/Arquivo Pessoal)Para Luana, tratamento psicológico para as cadelas é prioridade (Foto: Luana/Arquivo Pessoal)

Especialista

Segundo o proprietário de uma escola especializada em trabalhos psicológicos com cão emDivinópolis, Adriano Soares, no local é tratado transtornos de depressão, hiperatividade, obesidade, comportamentos indevidos, agressividade e humanização, no que refere a situações em que o cão acredita ser humano. O valor médio da mensalidade é de R$ 200. 

“Alguns animais chegam muito agressivos, estressados, assustados ou hiperativos, a maioria por não ter contato com outros cães e se sentirem sozinhos. Alguns até acham que são humanos. O objetivo da escola é dar liberdade ao cão, através de tratamentos dinâmicos de entretenimento com outros cachorros e também com o dono”, contou.

Alguns animais chegam muito agressivos, estressados, assustados ou hiperativos, a maioria por não ter contato com outros cães e se sentirem sozinhos. Alguns até acham que são humanos. O objetivo da escola é dar liberdade ao cão, através de tratamentos dinâmicos de entretenimento com outros cachorros e também com o dono."
Adriano Moraes

De acordo com Adriano, o estabelecimento conta com adestradores, um veterinário que acompanha, cuida da alimentação e da saúde do pet, e um finotécnico que também assiste o comportamento e o psicológico do animal e define os procedimentos para o tratamento. Ainda de acordo com ele, ao chegar à escola, o cachorro é analisado durante um mês e após o procedimento é encaminhado ao serviço necessário, onde poderá passar pelo adestramento, day care, personal ou agility.

“Nós ensinamos os comandos básicos e tratamos a obediência e a socialização do cão, através do adestramento e do day care. Já o personal é responsável para cuidar da queima de gordura e obesidade do animal e o agility tem o objetivo de aproximar o animal com o dono, pois o pet pula diversos obstáculos e o dono precisa acompanhar. Alguns escolhem esta modalidade parar perder peso, pois há muitos exercícios de funcional, tive clientes que perderam até seis quilos”, informou.

Adriano também disse que não há um tempo definido para o tratamento, cada cão responde aos trabalhos de uma forma. Segundo ele, alguns têm resultados nos primeiros três meses, já outros estão na escola há quatro anos.

Atualmente, o estabelecimento conta com cerca de 80 clientes e o proprietário já tem pensado em inovar dentro do local. Ele pretende criar um bar de socialização entre os clientes, em um espaço grande e fechado, onde os cães possam ficar soltos para brincar entre eles.

“Hoje a maioria dos bares e restaurantes não aceitam cachorros e, por causa disso, muitos ficam presos dentro de casa sem poder sair com os donos. O intuito é criar um local especialmente para eles, onde poderão brincar e se divertir, enquanto os donos também se divertem”, finalizou.

 

—————

Voltar